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terça-feira, 10 de abril de 2012

Duas Barras, refém de si mesma.

Transcrito do jornal A Voz da Serra coluna Leitores On Line de 10/04/2012.
Por Cimberley Cáspio.
“Duas Barras não pode, jamais, ser refém de si mesma e depender de Martinho da Vila e do Arouca (jogador de futebol) para estar em evidência. Duas Barras é uma cidade com potencial e dinâmica própria pra se auto promover, sem depender de terceiros pra isso.
Mas pra isso, a cidade precisa se livrar do corporativismo suicida que à mantém presa, travada, a ponto de, em pleno século XXI, ainda não ter uma linha de ônibus direta com a Capital. A cidade só tem uma linha de ônibus que liga a um único centro comercial urbano, a cidade de Friburgo, através de ônibus velhos e totalmente inseguros, como a viação natividade. O que nesse caso, os moradores que se utilizam dessas geringonças sobre rodas, que alguns chamam de ônibus, vêm pedindo insistentemente às autoridades, renovação da frota, ou outra empresa de ônibus que substitua a atual, para atender a contento e com mais dignidade os passageiros que se deslocam no trajeto, devido à total falta de respeito aos horários e avarias constantes que acontecem nos ônibus, quando esses estão se deslocando, obrigando passageiros a perderem compromissos e constrangendo-os, diante de uma administração pública que despreza os mais carentes e necessitados do município. Ônibus que chegam a ter falhas mecânicas bizarras, como perder os freios, expondo vidas a riscos de ferimentos e, no extremo, fatalidades letais.
Conversando com muita gente, soube através de uma fonte que a empresa Natividade tem uma sociedade com o grupo Nossa Senhora do Amparo, que tem o monopólio de transporte coletivo na região de Niterói, São Gonçalo e Maricá, com uma boa frota de ônibus servindo aquela população, além de também fazer parte do grupo a empresa Ingá e a Normandy, sendo esta última, a única no segmento de Transporte de Passageiros a receber o Prêmio Qualidade Rio, entregue pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, em novembro de 1998.
Diante disso, podemos observar que nem é preciso abrir licitação para que se busque uma nova empresa de ônibus para fazer o trajeto Duas Barras-Friburgo, basta uma reunião no grupo empresarial, ajustar os interesses internos e trocar a frota, colocando ônibus novos na linha, que além de dar mais dignidade aos passageiros, também prestigiará a cidade de Duas Barras com esse destaque.
Mesmo que se abra um processo de licitação, a empresa, ou empresas de ônibus interessadas na linha Duas Barras-Friburgo, terão que pagar à Natividade o preço da linha, que não sairá por menos de 200 mil reais e depois investir valores significativos até o final do processo. Isso somente na questão burocrática da licitação até a formalização da permissão. Lógico que para as empresas, esses valores são quinquilharias. O que não dará pra entender é: se a viação Natividade tem participação societária no grupo Nossa Senhora do Amparo, os custos e processos para somente mudar a frota sairão por muito menos, inclusive a burocracia. O que até agora está impedindo essa renovação? O que precisamos saber que ainda não estamos sabendo? Uma coisa é certa, o Ministério Público deu um prazo até 20 de maio pra essa questão ser resolvida.
Por outro lado, também é sabido que diversas empresas de grande porte, entre elas a Schincariol, queria se instalar no município, o que se fosse aceito pela administração municipal, além de abrir muitas vagas de emprego, aqueceria a economia do município, dando como consequência uma série de outros investimentos, aumentando o fluxo de capital que circularia dentro da cidade. Porém, infelizmente, o corporativismo municipal falou mais alto e sentenciou a cidade a passar mais tempo atrás das grades do atraso.
Recentemente um micro-ônibus circulava pela cidade transportando passageiros a alguns bairros elevados do município, criando uma situação confortavelmente mais econômica e prática a maioria dos moradores que precisavam chegar em suas casas. E novamente o corporativismo municipal entrou em ação e retirou o micro-ônibus, deixando esses moradores a mercê dos táxis e dos preços elevados da corrida, que, de longe, nem se compara ao preço da passagem que era cobrado no micro-ônibus, quando esse circulava dentro da cidade. O que agora os moradores dos bairros mais elevados, ou mais distantes, se veem obrigados a desembolsarem quantias significativas para que os táxis, os levem até suas casas. Pois infelizmente, a linha de ônibus Friburgo-Duas Barras faz o seu ponto final na rodoviária de Duas Barras e só... Quem quiser chegar às suas casas, seja em bairros mais elevados, ou distantes, ou pague o que os táxis exigem, ou faça o trajeto a pé.
Olhando toda essa situação, chegamos à conclusão de que tanto as autoridades municipais de Duas Barras quanto as autoridades estaduais, têm pleno conhecimento do tempo que vem tendo a reivindicação popular e a urgência da resposta. Se porventura o povo perder a paciência, se revoltar e fechar estradas, queimar pneus, vão enviar a polícia para rechaçá-los com cassetetes, spray de pimenta, balas de borracha e prisões... Sim, afinal, a lei tem que ser cumprida e as estradas liberadas. O povo de Duas Barras vem pedindo e sofrendo todo dia, a lei existe... e por que a demora da resposta aos anseios populares e a rápida resposta a uma revolta popular, no caso de manifestação, através de fechamento de estrada, por queima de pneus? O povo não pode fechar estradas, o pedágio pode.”
Sérgio Luiz de Melo Dias
Fonte: A Voz da Serra On Line

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