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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Rei do Bacalhau citado em artigo de Wander Lourenço no Jornal do Brasil.

Breves dicas gastronômicas de um boêmio sedutor (Wander Lourenço).
À noite entre um camarão alho e óleo e uns goles de chope na paradisíaca Arraial do Cabo, mais especificamente no Saint Tropez da Praia dos Anjos, após enfrentar no almoço um honesto churrasco misto no Galeteria de Bacaxá em Saquarema, ao pensar no primeiro tema de uma crônica para 2012, apreciador confesso da boa mesa que sempre fui, pensei em algumas sugestões de gastronomia, que pudessem proporcionar aos leitores uma espécie de pequeno guia gustativo inspirado pelos botequins e restaurantes do estado do Rio de Janeiro. Por esta razão, pretendo alinhar neste espaço alguns poucos endereços, que conheci no decorrer destes anos bem vividos como amante do bom paladar e da cerveja gelada...
Se Vinicius de Moraes dissera que não se fazem amigos numa leiteria, inicio o roteiro, não para contrariá-lo, ao contrário para referendar as suas palavras, asseguro que também não fui frequentador assíduo deste ambiente; porém, a primeira dica será sobre a pizza de muçarela da Leiteria Brasil, localizada na Rua da Conceição, em Niterói. Já que iniciamos pela terra de Arariboia, antes de atravessar a Baía de Guanabara, afirmo que não posso deixar de citar três relíquias culinárias daquela cidade: o pastel de siri do Caneco Gelado do Mário; o bobó de camarão do Mercado São Pedro; e o churrasco de gato do Ponto Cem Réis.
Ao descer da barca na Praça 15, atravessem o Paço Imperial e, ao dobrar à direita, adentrem o Arco do Teles, prossigam até o bar Antigamente, na Rua do Ouvidor – choro, cerveja Original e queijo no palito! Ao lado do Centro Cultural dos Correios, sugiro que provem os petiscos de cabrito do Cais do Oriente, que pouco fica a dever ao insuperável quadrúpede de barba do salgado Nova Capela, na Lapa. Em Santa Teresa, os leitores podem se surpreender com a feijoada do Mineiro e a carne de sol do Arnaldo. Ao perambular por Copacabana, suplico que não deixem de saborear a cafta de carneiro do Stambul e o tradicional sanduíche de carne assada com abacaxi do Cervantes para, quando chegarem ao Leblon, compará-lo com o pão com pernil do agradável Chico e Alaíde.
No Jobi, indico que peçam a imbatível empadinha de camarão, no Bracarense o afamado croquete e, no Belmonte, a sopa Leão Veloso. Cabe acrescentar que, no mesmo bairro, encontra-se o imperdível frango assado da Padaria Rio-Lisboa, o melhor da região. Ao embarcar para Barra da Tijuca, digo que provem da paella do Rioalto, do generoso risoto de camarão do Siri e do croquete de carne do Beco do Alemão. Próximo ao Autódromo, apreciem com moderação a codorna e a costela de porco do Bigode. Mais adiante, já no Recreio dos Bandeirantes, experimentem a punheta de bacalhau e o afrodisíaco alho dinamarquês do Empório Santa Teresinha.
No Terreirão, atrás do campo de futebol de Chico Buarque de Hollanda, deparamo-nos com uma suculenta e bem temperada costela no bafo gaúcho. No Lokal, deliciem-se com a maravilhosa lasanha de camarão e bacalhau e, no Kaçuá, aceitem sem titubear o acarajé da baiana... Em Vargem Grande, devora-se um bom peixe no Scunna e churrasco de picanha no Gepeto. Não posso esconder dos leitores que o pastel de camarão e o robalo da Tia Penha, em Barra de Guaratiba, são iguarias fantásticas de tirar o fôlego do mais exigente gourmet ou anorético faquir asiático.
Caso optem por subir a serra de Friburgo a caminho de Lumiar, no Empório do Dengo a entrada de pastas de tomate seco e berinjela capturam o cliente pelo estômago, que pode pedir sem susto um coelho à caçarola. Em São Pedro da Serra, a pizza feita com massa de mandioca do Toca da Onça e a panqueca do Italiano são, sem dúvida, as melhores guloseimas do bucólico vilarejo. Em Itaipava, pelo fim da manhã solicite uns pastéis de carne moída do Horto-Mercado, acompanhados de boa música e cerveja de garrafa.
Enfim, peço aos leitores que enviem outras opções gastronômicas a fim de que, com a graça de Deus e boa disposição de estômago, eu possa conferir, sem culpa nem medo da balança, neste ano que se inicia, os petiscos da culinária fluminense, não sem antes dizer que já está nos planos do cronista a tal bacalhoada de Duas Barras admirada pelo vascaíno Martinho da Vila, com o vinho de jabuticaba da Varre-Sai do mestre Baden Powell.
* Wander Lourenço de Oliveira, doutor em letras, é professor da Universidade Estácio e autor dos livros ‘Com licença, senhoritas (A prostituição no romance brasileiro do século 19)’ e ‘O enigma Diadorim’.
Fonte: Jornal do Brasil.

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