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quarta-feira, 20 de março de 2013

Sem coragem para inovar

Não é comum as prefeituras buscarem gestores no mercado para compor o seu quadro administrativo. O comprometimento dos prefeitos com os aliados é tamanho, que ele sequer cogita para ocupar os cargos de confiança da sua administração, de jovens engenheiros, economistas, contadores e administradores. Impossível imaginar a adoção de um modelo diferente ao praticado atualmente na maioria dos municípios brasileiros, que incha irresponsavelmente a administração pública abrigando improdutivos apadrinhados políticos. É o preço que o prefeito paga para governar longe do olhar atento do Legislativo. Prevalece na maioria dos municípios brasileiros a repugnante prática de clientelismo. Ao contrário do que pensam muitos prefeitos, a quantidade de gestores não é indicativo da boa qualidade administrativa. Na maioria das vezes, isso não representa qualquer melhoria para a administração pública. Pior ainda é constatar que os generosos prefeitos, em troca da fidelidade canina da maioria do Legislativo, sequer exigem dos apadrinhados políticos o cumprimento de horário. Uma aberração administrativa que emperra o município e desestimula o funcionário de carreira, especialmente aquele que não tem vinculação partidária. Os prefeitos não resistem às pressões das bases aliadas. Não têm a coragem de inovar sua gestão, trazendo eficiência para a máquina municipal. É absurda a resistência à inovação nos municípios brasileiros. Não há compromisso dos prefeitos com os princípios básicos de eficiência na atividade pública. Ao abrigar na sua administração penduricalhos para atender a vereadores e a cabos eleitorais de peso, o prefeito perpetua o mais grave vício do processo político brasileiro, responsável pelo atraso de municípios com vocação e potencial para o desenvolvimento. O maior dos males decorrentes do clientelismo eleitoral como mecanismo para formação de quadros incompetentes no serviço público é o inconfessável destino dos recursos públicos sem retorno social. Os impostos pagos pelos munícipes não retornam através das obras necessárias e dos serviços de qualidade. Como romper com este processo? Não é fácil. É preciso ter coragem. Não trocar apoio por cargos e muito menos submeter a composição do Executivo ao Legislativo, em troca da governança. Prática muito comum nos municípios do Interior, onde a relação entre estes poderes ultrapassa as raias da promiscuidade. Para que ambos tenham independência, um não deve se intrometer no outro. E não há razão para isso, pois é evidente que uma administração composta por profissionais competentes necessariamente trabalhará com mais desenvoltura e mais qualidade que apadrinhados sem compromisso com o povo e a cidade. Não é uma tarefa fácil enfrentar a gula por cargos dos vereadores e de presidentes dos partidos aliados. Mas não há só esta a pedra no caminho do gestor público responsável que busca qualidade na sua gestão. O poder público pratica salários bem inferiores aos que são pagos pela iniciativa privada. Só com salários competitivos o setor público conseguirá atrair mais e melhor mão de obra qualificada. E a modernização tão esperada da máquina pública passa também por este processo de seleção criteriosa de pessoal e pagamento justo pelos serviços prestados. (Mário Moura - mario.moura@bol.com.br)

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