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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Martinho da Vila lança CD e DVD com filhos e faz trabalhos com 'parentes' como Cidade Negra e Leonardo Bruno

Na favela carioca da Boca do Mato dos anos 1940, onde Martinho da Vila foi criado (vindo de Duas Barras, cidade do Norte Fluminense em que nasceu), família era ouro:
- Quando meu pai morreu, eu tinha 10 anos. A chefe da família foi minha mãe, Teresa de Jesus, que criou a gente sempre muito junto, muito unido. Porque na favela não havia nenhuma ingerência do poder público, então ter uma família unida, grande, forte, impunha respeito. Era aquela coisa de "mexeu com um, mexeu com o formigueiro" - conta o compositor.
Agora patriarca, Martinho mantém a filosofia de Dona Teresa de Jesus. Em "Lambendo a cria" (MZA), lançado em CD e DVD, o artista reúne cinco filhos: Juju Ferreira, Maíra Freitas, Mart'nália, Analimar Ventapane e Tunico Ferreira. E, como o núcleo familiar na Boca do Mato incluía também outros amigos vindos de Duas Barras, Martinho incorpora ao CD e DVD os músicos que o acompanham há anos, reunidos sob o nome de Família Musical - que inclui o percussionista Ovídio Brito, morto no ano passado e a quem o CD/DVD é dedicado.
O formato de "Lambendo a cria" nasceu da vocação familiar para festas, conta Martinho:
- Nos fins de semana na Boca do Mato, aquele povo de Duas Barras fazia uma festa atrás da outra. Tinha muito calango, folia de reis... Rezávamos também ladainhas caseiras, procissões feitas independentemente da igreja, sem padre. E a casa que recebia a santa tinha que oferecer um bolo, um suco, uma mortadela. Enfim, era uma festa, também. Tudo isso influenciou minha música, o som rural do meu samba. E também meu gosto pela festa. No Natal fazemos umas três ou quatro celebrações. Além dessas, eu e os guris (seus oito filhos) gostamos de nos encontrar, só a gente, e fazemos uma farra enorme. O disco reflete esse encontro.
Em conversas com o produtor Marco Mazzola, dono da MZA, Martinho viu que poderia dar pé montar uma dessas farras no estúdio. Como as gravações já tinham começado, parte do material foi registrada assim, parte de forma convencional - o DVD se divide em "Estúdio" e "Roda de samba".
Mesmo em seus voos solo, os filhos de Martinho têm o olhar atento do pai sobre eles. E às vezes um pouco mais:
- Eles pedem a minha opinião sobre tudo o que fazem - conta Martinho. - No disco de Maíra (que acaba de lançar seu CD de estreia pela Biscoito Fino), defini que ela teria que abrir tocando piano sozinha. E, há alguns anos, aconselhei-a a seguir estudando clássico, não entrasse no popular ainda. Ela tinha que ir até o final.
De Mart'nália, ele está ainda mais próximo. Martinho assina a direção do show "Minha cara", que a artista estreou na última quinta-feira no Rival, numa temporada que volta na semana que vem.
- A ideia é mostrar a Mart'nália um pouco diferente. A base do show dela normalmente é a percussão, de que ela gosta muito, toca o tempo todo. Falei para ela: "Dessa vez você vai chegar de artista, tocando um pouquinho de violão e uma percussão miúda".
Para além de "Lambendo a cria" e dos projetos dos filhos, a família de Martinho segue crescendo. No Rock In Rio, o músico reforçará os laços com a banda Cidade Negra - com quem já gravou no CD "Martinho da Vila do Brasil e do mundo", de 2007. O compositor e a banda tocarão juntos no Palco Sunset. E incorporará novo membro à família:
- O show vai ter também o Emicida - lembra Martinho, que já tocou no Palco Sunset em Lisboa, com Luís Represas.
Antes do Rock In Rio, Martinho passa pela sala de concerto. Ele apresenta amanhã, em Brasília, um recital em comemoração ao aniversário da cidade. Ao lado da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, ele apresentará o "Concerto negro", que escreveu com o maestro Leonardo Bruno - outro "irmão" da família.
Consolidando a figura de patriarca, Martinho será homenageado com uma estátua em Duas Barras. A inauguração será em maio e, na ocasião, haverá uma homenagem feita pela bandinha do Instituto Cultural Martinho da Vila - que ele fundou na casa onde nasceu, e onde são ministradas aulas de artes e alfabetização.
- Eram meninos e meninas que tinham 11 anos quando o grupo foi formado, e hoje têm 18 - diz Martinho, com carinho, de outros filhos incorporados à sua grande família.
Fonte: O Globo
      

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