Saudado pelos acadêmicos como uma “rara flor do Rio”, Martinho encantou a todos pela simplicidade e despojamento. Sua conversa evoluía, doce e fraterna, naquele jeito tão seu, quando Martinho surpreendeu a todos nós dizendo-se saudoso do Rio das décadas de 30 e 40. Sua vontade era de ter nascido pelo menos 20 anos antes e de ter participado de uma outra cidade mais amável, o Rio dos bondes, da Lapa antiga, da Vila Isabel dos arvoredos. E, especialmente, muito especialmente, de conviver — este o supremo desejo — com Orestes Barbosa, Francisco Alves, Carmen Miranda, além de André Filho e, é claro, Noel.
Este quase clamor de resgate, de volta a um passado histórico e heroico, amável e sem paralelos na essência do Rio como urbe, não só me chamou a atenção, mas comoveu a todos os intelectuais presentes.
Aposto que não houve um sequer de nós, ouvindo o doce desfiar das histórias nostálgicas de Martinho, que não quisesse entrar numa máquina do tempo e desembarcar ali mesmo, na Lapa de Noel e de Ismael Silva. Só que 80 anos antes... Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin
Fonte: O Dia Online
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